TODOS PODEM APRENDER – ESTUDO DESTACA ESCOLAS QUE ATENDEM ALUNOS DE BAIXO NÍVEL SOCIOECONÔMICO

Todos pela Educação – Mariana Mandelli -15 de janeiro de 2013

Pesquisa mostra como atuam seis dessas unidades de ensino

Todos podem aprender - Estudo destaca escolas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico
Divulgação/Fundação Lemman

Definir metas, usar dados das avaliações para direcionar o trabalho pedagógico e acompanhar de perto o desenvolvimento dos alunos são ações que ajudam a garantir uma Educação de qualidade. O desafio é coloca-las em prática, como fazem algumas escolas públicas do País que recebem alunos de baixo nível socioeconômico e, contra as adversidades, promovem ensino e aprendizagem com excelência.

O diagnóstico foi feito pela Fundação Lemman e pelo Itaú BBA, no estudo “Excelência com Equidade”, divulgado no fim do ano passado. O relatório destaca seis escolas públicas dentro de um grupo de 215 que atendem alunos de baixo nível socioeconômico e que obtiveram bom desempenho na Prova Brasil 2011 e, consequentemente, altos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). São elas: Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva, em Palmas (TO); CIEP Glauber Rocha, no Rio de Janeiro (RJ); Escola Municipal João Batista Filho, em Acreúna (GO); Escola de Ensino Fundamental Maria Alves de Mesquita, em Pedra Branca (CE); Escola CAÍC Raimundo Pimentel Gomes, em Sobral (CE) e a Escola Municipal Suzana Moraes Balen, em Foz do Iguaçu (PR). As escolas selecionadas localizam-se nas cinco regiões geográficas brasileiras.

A pesquisa avaliou o trabalho feito nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). Hoje, o Ideb desse nível de ensino para todo o País é 5,0. Foram consideradas as unidades de ensino que tiveram uma taxa mínima de participação de 70% na prova e com Ideb igual ou superior a 6. Outro critério foi observar apenas os colégios que apresentaram, no mínimo, 70% do alunado no nível adequado de proficiência e, no máximo, 5% com desempenho considerado insuficiente.

A trajetória de evolução das escolas, entre 2007 e 2011, também foi levada em consideração. Já as condições das famílias dos alunos foram verificadas por meio de questionários que acompanham a Prova Brasil e que são respondidos pelos estudantes.

A ideia da pesquisa, segundo o economista e coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, era justamente investigar o sucesso dessas escolas – um grupo de pesquisadores conferiu pessoalmente como os colégios selecionados procedem. O que eles encontraram não foi nada de muito surpreendente: as boas escolas são “normais” e não há nenhum tipo de milagre para obterem sucesso com alunos que fazem parte de famílias pobres.

Entre as práticas encontradas, além das já citadas – definição de objetivos, uso de dados e acompanhamento dos estudantes –, está fazer da escola um ambiente agradável e propício ao aprendizado. Para alcançar o sucesso escolar, o estudo destaca quatro estratégias-chave comuns entre as seis escolas: criar um fluxo aberto e transparente de comunicação; ganhar o apoio de atores de fora da escola (como entidades e o poder público); enfrentar resistências com o apoio de grupos comprometidos e respeitar a experiência do professor e apoiá-lo em seu trabalho.

“Os conceitos podem ser básicos, mas colocá-los em prática não é tarefa fácil. Ter liderança para coordenar mudanças e realizar avaliações, por exemplo, não são coisas simplórias”, destaca Martins. “Planejar e implementar tudo isso, enfrentando resistências, é o diferencial.”

Segundo ele, a ideia do estudo é justamente apresentar um conjunto de soluções possíveis, que possam inspirar outras escolas e redes a lidar com suas adversidades. “Tivemos uma preocupação em destacar práticas que podem ser replicadas.”

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