Cid promete reforma do Ensino Médio em 2 anos

Fonte: O Estado de S.Paulo (SP)  – 03 de janeiro de 2015

Novo ministro da Educação destaca compromisso com mudança curricular, uma das principais bandeiras da campanha de Dilma

Primeiro não petista a assumir o comando da pasta em 12 anos de governos Lula e Dilma,o novo ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), prometeu ontem implementar a reforma do Ensino médio em um prazo de dois anos.

O compromisso foi uma das principais bandeiras da campanha de reeleição da presidente, que anunciou anteontem que o slogan do novo governo é “Brasil, pátria Educadora”. “Esse processo não se dará do dia para noite. Imagino que, começando agora, a gente possa pensar em no prazo de 2 anos ter a implementação da reforma no Ensino médio”, disse Cid,logo após participar da cerimônia de transmissão de cargo. “O processo de mandará muito diálogo, porque os sistemas (de Educação) no Brasil são autônomos.

Queremos abrir um processo de discussão para examinar alternativas de aprofundamento por áreas e currículos que tenham identificação com as realidades regionais.” Uma Escola de uma região industrial, por exemplo, poderia enfocar a área de tecnologia, abrindo mais espaço às disciplinas de Física e Química, sem deixar de lado matérias como Língua Portuguesa e História. Gargalo.

O Ensino médio é considerado um dos maiores gargalos da Educação brasileira. O Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) de 2013 apontou estagnação nessa etapa de Ensino – a nota permaneceu em 3,7, no índice que vai de 0 a 10.

Na rede privada, houve queda: de 5,7 para 5,4, quando o índice de 2013 é comparado ao de 2011. Durante a campanha, o MEC foi acusado de retardar a divulgação do Ideb por causa do período eleitoral. Na época, o então ministro Henrique Paim disse que o índice colocava em xeque a gestão de Estados e municípios na área. Paim deixou ontem o ministério. “Isso (a reforma no Ensino médio) não é uma coisa que eu possa dizer como será, tem de ser antecedido por um grande processo de discussão, onde Educadores, Professores e a universidade devem contribuir”, observou Cid. “Penso que é importante que a gente já no Ensino médio vá oferecendo a possibilidade de aprofundamento em áreas onde ele (estudante) tenha mais identificação, mais afinidade.”

Dentro do Planalto, a escolha de um ministro mais político é vista como uma forma de projetar ainda mais o MEC no segundo mandato de Dilma. Resolução.No discurso feito na cerimônia de transmissão de cargo, Cid prometeu aprofundar o pacto nacional pela Alfabetização na idade certa e se empenhar para cumprir as metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE). “É um dos maiores desafios que já assumi na vida pública. Vamos valorizar e reconhecer o trabalho de Professores. Meu gabinete estará sempre aberto a receber conselhos,críticas e ajuda.”

Cid confirmou ainda que vai anunciar na próxima semana o novo piso dos Professores. “A remuneração é um dos principais caminhos para a valorização dos Professores”, afirmou. Na época em que governou o Ceará, Cid irritou a categoria ao declarar que Professores deveriam trabalhar por amor e não por dinheiro.

PARA LEMBRAR
Em 2014, o MEC deu o pontapé inicial para construir a Base Nacional Comum da Educação básica, que definirá o que se aprender em cada etapa. Previsto na Constituição, de 1988, e na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996, o currículo comum não foi implementado. O Plano Nacional de Educação, aprovado em junho, estabelece que as Escolas do País deverão se orientar pela mesma base curricular a partir de 2016.

Ministro da Ciência quer maior peso político para a área
O novo ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, disse ontem que contingenciamentos em início de governo são naturais e que ainda vai discutir com a equipe econômica eventuais cortes na pasta. “Nós temos habitualmente no início das gestões contingenciamento de orçamento. Esse é um tema que vou tratar diretamente com a presidente da República e com os ministros do Planejamento e da Fazenda.”

Em seu discurso de posse na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília, Rebelo afirmou que é preciso fortalecer a agenda da inovação no País, dar maior peso político à área no Congresso e no governo e valorizar a mentalidade científica como um todo. “A agenda da valorização precisa ocupar um espaço que dote a sociedade da valorização do espírito científico”, enfatizou o ministro, que substitui Clélio Campolina, ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O novo titular da pasta pregou a integração da atuação do ministério com Estados, municípios, empresas e entidades do setor e lamentou que a maioria das cidades não tenha uma secretaria voltada para a área da inovação. “A ciência e a tecnologia não podem existir apenas em Brasília ou nos institutos”, afirmou.

Ele defendeu a recomposição dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e o fortalecimento do Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas (Finep) e CNPq. Recém-saído do Ministério do Esporte, Rebelo sugeriu uma maior interação entre as duas pastas.

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