A variável que mais importa: o professor

PORVIR – 14/01/14 – 

Quando o assunto é aprendizagem em sala de aula, o número de alunos importa menos do que a qualidade do professor. Isso é o que diz o recente estudo realizado pelo instituto norte-americano Thomas B. Fordham, que estuda excelência educacional. Na tentativa de discutir se estava certo o senso comum de que ter turmas pequenas é sempre a melhor solução, a instituição fez um experimento que tentava medir o aprendizado dos alunos em diferentes configurações de sala de aula. Mesmo com mais alunos, as turmas que saíam melhor era as que tinham os melhores professores.

“Podemos fazer a diferença ao colocarmos apenas mais um ou dois alunos na sala de aula de um excelente professor. É possível que tenhamos muitos avanços a partir de mudanças relativamente pequenas”, disse Michael Hansen, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, ao jornal The Atlantic. O texto da pesquisa “O tamanho certo da sala de aula: fazendo mais com os melhores” (livre tradução de Right-sizing the Classroom: Making the Most of Great) está disponível para download.

crédito Inga Nielsen / Fotolia.comA variável que mais importa: o professor

 

A pesquisa acompanhou alunos de 4a a 8a série de escolas da Carolina do Norte, durante quatro anos letivos. Foram levadas em consideração as notas dos alunos em avaliações oficiais do governo. Além disso, a equipe criou um indicador sobre a atuação dos professores (em um cálculo que considerava o tamanho da turma, sua composição e a experiência do docente), que orientou a realocação de alunos em diferentes turmas. Depois disso, mediram a evolução de desempenho acadêmico dos estudantes.

Os resultados encontrados em cada uma das simulações nas diferentes turmas variou, mas sempre mostrou que um bom professor representava mais na evolução do aprendizado dos alunos do que o tamanho da turma. Uma classe de 8o ano que tinha um excelente professor, por exemplo, chegou a receber mais 12 alunos. O impacto no aprendizado deles causado pela simples mudança de turma equivalia ao alcançado com mais duas semanas e meia de aulas.

“O que estamos dizendo é: ‘OK, alguns alunos vão dar a sorte de pegar os melhores professores e alguns o azar de pegar os professores mais fracos. Mas ao ‘desbalancearmos’ intencionalmente o tamanho dessas salas de aula, estamos fazendo com que mais estudantes tenham sorte”, disse o pesquisador. Na mostra de estudantes e professores com a qual trabalhou, os 25% melhores professores davam aula exatamente para 25% dos alunos, numa proporção matemática com a qual não concorda. “No mundo ideal, as escolas deveriam aumentar o número de alunos pelos quais seus melhores professores se responsabilizam”, diz Hassel.

Uma das principais contribuições da pesquisa, acredita Hassel, é que ela aponta para um manejo de tamanho de turma relativamente simples de ser feito e que não prescinde de políticas públicas complexas ou de muito investimento. Mas, de acordo com o próprio estudo, “a estratégia de mudar o tamanho das salas de aula não reduz desigualdades pré-existentes e algumas outras intervenções serão necessárias”.

A questão do número ideal de alunos por sala de aula, nos EUA e no Canadá, é um tema pulsante. A discussão envolve organizações não governamentais dedicadas especificamente ao tema, institutos de pesquisa e governos. No caso dos dois países, há esforços e investimentos do governo federal para que a proporção de alunos por turma reduza, em ações que custam bilhões de dólares aos cofres públicos. No Brasil, o número excessivo de alunos por turma costuma ser uma reclamação frequente dos professores.

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