Jornal O Globo – SIMONE AVELLAR – Publicado:
- Estudantes transformam tablets e smartphones em material escolar
- Colégios e universidades que investem em ferramentas interativas

— Um motivo para o computador não ter sido plenamente aceito em sala é porque os alunos se isolavam de seus colegas. A classe é um lugar de troca de ideias. Com a Revoluti é possível estimular a interação, pois o professor pode circular pelo espaço e organizar a sala em grupos — explica o professor Henrique Sobreira, da Uerj.
Nem todos no meio acadêmico são entusiastas da busca constante por mudanças com viés digital. Muitos professores não querem saber de smartphone em sala. Economista e especialista em educação, Gustavo Ioschpe é cético quando o assunto é alteração do modelo de ensino:
— O método tradicional existe desde a academia de Platão. Nenhum modelo dura tanto sem uma genialidade intrínseca. Várias pedagogias alternativas surgiram, mas se mostraram pouco eficazes. Se algum método vai ser revolucionário, os benefícios precisam ser comprovados empiricamente.
Livros digitais em 2015
Um dos obstáculos da disseminação da tecnologia é a falta de infraestrutura. A partir de 2015, livros digitais começarão a ser distribuídos nas escolas públicas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC). Mas é preciso resolver o problema sério do acesso à internet. No Rio, escolas estaduais receberam um conjunto de games didáticos do programa Sesi Matemática, lançado pelo Sistema Firjan. Mas sua aplicação esbarra na baixa capacidade da banda larga. Subsecretário de gestão de ensino da Secretaria Estadual de Educação, Antônio Paiva Neto explica que o aumento da banda foi pedido e depende das operadoras:
— A banda larga é limitada no Brasil. Mas temos alternativas, como distribuição de modens 3G aos professores.
A secretaria disponibilizou 350 mediadores para ensinar docentes a usar novas ferramentas com eficiência.
— Não adianta dar notebooks e tablets para alunos e professores e a aula continuar sendo uma reprodução do século XIX. É preciso estimular o professor.