Número de matrículas nas Licenciaturas sobe apenas 0,8% entre 2011 E 2012

Todos Pela Educação – João Biittar / MEC

Baixa atratividade da carreira e alta evasão nos cursos de formação inicial comprometem futuro do magistério

Número de matrículas nas licenciaturas sobe apenas 0,8% entre 2011 e 2012

O número de matrículas nos cursos de licenciatura aumentou apenas 0,8%, entre 2011 e o ano passado. Elas representam 19,5% do total. Os dados estão no Censo da Educação Superior 2012, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) neste mês.

Enquanto as licenciaturas cresceram menos de 1%, os cursos tecnológicos apresentaram aumento de 8,5% nas matrículas e os de bacharelado, 4,6%. Além disso, cabe destacar que a maior parte das matrículas em cursos a distância são de alunos de licenciatura: 40,4%.

Para especialistas, a baixa procura está ligada a diversos fatores – entre eles, a pouca atratividade da carreira docente.
O MEC anunciou neste mês a criação de um programa para aumentar o interesse dos jovens pela carreira docente, especificamente nas áreas onde o déficit é maior: física, química, biologia e matemática (para saber mais, clique aqui). Segundo cálculos do próprio governo federal, o déficit é de 170 mil professores na área de exatas.

Para Roberto Franklin Leão, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), os governos precisam “acordar” para a valorização dos professores. “Faltam iniciativas mais contundentes e o primeiro passo é respeitar a Lei do Piso que está tendo o seu reajuste novamente questionado por governadores”, disse. “O cumprimento da jornada, que também está na lei, é outro ponto a ser destacado.”

O baixo crescimento no interesse, segundo Leão, não surpreende a CNTE. “Essa queda sistemática no número de jovens que desejam se professor vem ocorrendo há anos. Não há perspectiva de carreira, de futuro. Se continuarmos desse jeito, corremos o risco de não termos mais professores – e isso não só nas regiões mais carentes, mas também nos pequenos e grandes centros urbanos.”

Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC) e uma das maiores especialistas em formação docente do País, destaca outro problema. Segundo ela, o número de matriculados nos cursos de licenciatura já seria suficiente para sanar o déficit de professores do País caso esses estudantes concluíssem o curso.

“Temos hoje um problema interno nos cursos, especialmente nos que são a distância. Grande parte do alunado vem do ensino público e traz da Educação Básica deficiências de leitura, por exemplo”, explica. “Estudar a distância exige uma capacidade de leitura, de interpretação de texto e de concentração muito grande. Encarar a modalidade como a grande solução para o déficit de professores me preocupa.”

De acordo com a pesquisadora, o MEC deve dar atenção à desistência sistemática que ocorre nos cursos de licenciatura. “Ela é o verdadeiro nó. É um problema da estrutura do curso”, afirma. “Em média, apenas 30% dos que se matriculam concluem”.

Diagnóstico
Os dados do MEC mostram que o Brasil tem hoje mais de 7 milhões de universitários matriculados no Ensino Superior. O aumento entre 2011 e 2012 foi de 4,4%, sendo que as matrículas nas instituições públicas aumentou 7% e, na rede privada, 3,5%. As instituições particulares são responsáveis por 73% das matrículas.

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