Livro didático de Niterói faz Colômbia virar cidade alemã

, de Exame.com

Niterói (RJ) gastou 481 mil reais em livro didático sobre a Copa do Mundo com erros de ortografia, geografia e até história do Brasil

ão Paulo – A Copa do Mundo 2014 pode ter sido duplamente frustrante para alunos da rede municipal de Niterói (RJ). Além da vitória por 7 a 1 contra o Brasil, a Alemanha ganhou no Maracanã não só um título mundial, mas dois. Pelo menos é o que diz livro didático repleto de erros distribuído para estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

Além de desconsiderar o tricampeonato da Alemanha conquistado em 1990, o livro também afirma que a Colômbia é, na verdade, “uma das principais cidades alemãs”. O país sul-americano é confundido com a cidade de Colônia, uma das maiores da Europa.

Segundo o jornal O Globo, a prefeitura de Niterói  teria gastado 481 mil reais, com dispensa de licitação, em 6 mil exemplares da publicação “A Copa do Mundo no Brasil”, da editora Intertexo. Dividido em dois volumes, cada par dolivro custou 80 reais aos cofres públicos.

Há também erros referentes à própria história brasileira. De acordo com o jornal, os autores afirmam que a principal atividade agrícola do país desde os tempos de colônia é o café. Na época, no entanto, quem impulsionava a economia era a cana-de-açúcar.

Entre as gafes também estão erros de digitação e ortografia, como a palavra “muçulmana”, que é grafada como “mulçumana”.

O Globo constatou que entre as 390 páginas de internet consultadas como fonte e citadas na bibliografia da obra, 64 foram publicações da Wikipedia e outras 17 retiradas de vídeos do YouTube.

Autores com ligações políticas

Entre os autores do livro está Maria D’Angelo Pinto, mulher do ex-prefeito Godofredo Pinto, que governou a cidade de 2002 a 2008. O filho do casal,  Bruno D’Angelo Pinto, também assina a publicação.

Além dos dois, há outros cinco autores. Ao Globo, Maria D’Angelo atribuiu a série de erros a uma possível falha de revisão.

Procurada pelo jornal, a Fundação Municipal de Educação (FME) afirmou desconhecer as incorreções. José Henrique Antunes, presidente da instituição, disse que o livro foi comprado para aumentar o “repertório dos alunos”.

Sobre a falta de licitação, Antunes afirmou que a editora detém carta de exclusividade como única produtora para edição, distribuição e comercialização desse tipo de material.

 

 

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