Ensino a distância dispara e amplia o leque de cursos

 

Folha de São Paulo – FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA

Em uma década, número de alunos subiu 23 vezes e passou de 1,3% para 15,7% do total de matrículas da graduação

Vagas antes restritas a 8 cursos e concentradas em educação atingem atualmente 84 áreas, incluindo engenharia

Em uma década, a quantidade de alunos de graduação a distância cresceu 23 vezes. A oferta de vagas diversificou –saltando de 8 para um leque de 84 cursos. Os formandos, antes pouco além de 4.000, alcançam 161 mil.

Os indicadores mostram que a graduação a distância ganhou espaço no país e conseguiu se expandir para setores até então inexplorados.

Em 2003, cursos dessa modalidade beiravam 50 mil matrículas –1,3% do total da graduação. Em 2013, eram 1,15 milhão –15,7%.

“É uma tendência mundial e irreversível. As empresas também estão investindo em treinamento a distância, em cursos corporativos”, diz Ivete Palange, consultora da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).

A maioria absoluta das matrículas –97,2%– estava concentrada antes na área de educação, como pedagogia. Agora, essa fatia caiu para 38,9% devido ao crescimento de outros cursos –que incluem ciências contábeis, enfermagem e engenharia.

A didática dos cursos também mudou. Se antes a plataforma on-line se limitava a textos e gráficos, hoje é recorrente o acesso a videoaulas e softwares que simulam experimentos.

Matriculado no primeiro semestre de engenharia civil a distância do Iesb, centro universitário privado de Brasília, Mauricio Meuren, 43, diz que a modalidade exige foco do estudante.

“Tenho perfil de aprender sozinho e sou muito focado. Separo meus horários, dou uma estudada e continuo minhas atividades”, afirma.

A cada 15 dias, ele tem aulas presenciais na instituição. “Eu me sentiria desestimulado em fazer um curso todo presencial, vendo um professor falando dez vezes a mesma coisa sendo que você já aprendeu e quer caminhar.”

DEBATE

A expansão do ensino a distância, entretanto, é motivo de debate entre entidades de classe. O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), por exemplo, criou um grupo para discutir “medidas de regulação”.

“O conselho reconhece que os cursos estão crescendo e se prepara para quando houver demanda de registros de graduados em cursos a distância”, diz Daniel Salati, coordenador da comissão de educação da entidade.

Na avaliação de Paulo Speller, secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), eventuais resistências são motivadas por “desconhecimento”.

“As pessoas começam a ver que isso existe em outros países e com qualidade e não tem por que isso não acontecer aqui também”, afirma.

Para Palange, a tendência é que haja desenvolvimento de cursos “híbridos”. A consultora da Abed lembra que, segundo as regras atuais, 20% do conteúdo de um curso presencial pode ser a distância.

FEDERAIS

Assim como ocorre com os presenciais, a rede privada é a principal responsável pela oferta de cursos a distância, reunindo 86,6% das matrículas nessa modalidade.

Em 2003, a participação era bem mais modesta: cerca de 10 mil das quase 50 mil matrículas eram em escolas particulares.

Apesar da participação menos significativa, as instituições federais também tiveram aumento das matrículas de cursos a distância: elas saltaram de 16,5 mil para 92,3 mil em dez anos, número superior ao das redes estadual e municipal somadas.

 

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